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Stella McCartney propõe tratado ambiental à indústria da moda no Voices

“O essencial é que as grandes marcas do setor se juntem a mim, porque isso muda o preço final dos produtos”

O condado de Oxfordshire, no Reino Unido, recebe a 3ª edição do Voices, conferência anual do site BOF – Business of Fashion, que reúne pensadores, empreendedores e designers para debater os desafios do mundo da moda. Entre os convidados de 2018, está Stella McCartney. Ela usou sua palestra no evento para convocar outras marcas a endossarem um tratado que visa a implementação de medidas sustentáveis na indústria têxtil.

Stella irá apresentar o documento durante a 24ª Convenção das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas, que acontece na Polônia, a partir de hoje – 2 de dezembro. A reunião, anual, serve para as lideranças internacionais implementarem acordos referentes aos problemas ambientais globais, como o Acordo de Paris.

Com a ação coletiva, a designer espera chamar a atenção do segmento têxtil para a importância da produção sustentável nos dias de hoje. “Nós realmente não temos muito tempo para mudar as coisas. Mas eu, sinceramente, acredito que é possível. Eu não estaria fazendo essa mobilização se não acreditasse nisso. O essencial é que as grandes marcas do setor se juntem a mim, porque isso muda o preço final dos produtos”, disse McCartney em entrevista ao The Guardian.

Ainda não foram anunciadas as etiquetas que farão parte do acordo, mas a estilista relatou que várias marcas de luxo estão dispostas a colaborar. Contudo, não há certeza sobre a presença das lojas de departamento. “O fast fashion é responsável pela maior parte do impacto ambiental da nossa indústria, por isso é o elemento mais importante para alcançar mudanças reais”, enfatizou a estilista.

Espera-se que o manifesto feito por Stella, diante dos mais de 40 executivos de marcas de alta-costura que estavam na plateia, surta efeito. “Não é sobre pressionar colegas, mas sobre animá-los. Quem quer falar sobre a cor desta estação ou a próxima bolsa?

A sustentabilidade é o único assunto que me interessa agora. As alternativas para couro criadas em laboratório é o tipo de tópico que eu acho sexy neste momento”, comentou ao jornal britânico.

A indústria da moda tem resistido às regulamentações, pois isso deve tornar os tecidos mais caros. O metro do veludo sustentável que McCartney usará na próxima temporada, por exemplo, custa 100 libras, porque a falta de demanda faz o material ser produzido em pequenas quantidades. “Há uma razão pela qual a indústria da moda se apega às maneiras antiquadas: é mais barato e mais fácil. Só podemos consertar essa bagunça se trabalharmos juntos”, defendeu a designer durante o Voices.

A carta preparada por Stella engloba desde a produção de resíduos até a contaminação do solo. “Nós já sabemos sobre as florestas e oceanos, mas também precisamos falar sobre solo e agricultura regenerativa. A produção de algodão em massa tem causado enormes danos à biodiversidade do solo”, acrescentou.

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Fábio Monnerat

Provocador digital. Especialista em branding e ativista do feito no Brasil. Consultor de marketing de moda e tendências e um grande entusiasta da moda masculina.

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